05/01/2011

A posse

Dia 1º. de janeiro de 2011.  Era cedo. A camiseta, devidamente estilizada, estava ligeiramente amarrotada. Não importava.

Dois dias antes, quase à noite, cheguei à capital federal. A chuva me acompanhou por todo o trajeto e também decidiu se acomodar.

Visitei os pontos turísticos da cidade. Frequentei alguns lugares.

Assisti aos fogos. Observei, de dentro do carro, 2011 surgir.

Porém, o ano novo era simples coadjuvante.

Dia 1º. de janeiro de 2011. Vesti a camiseta. Apanhei as bandeiras.

O evento, protagonista, estava à nossa espera.

Diante do Palácio do Planalto, eu e outros indivíduos, ansiosos, empunhávamos nossas bandeiras. Crianças, jovens, adultos e idosos se misturavam no todo.

As nuvens carregadas encobriam a animação da massa. As vestes, orgulhosas, desfilavam, em variados modelos, junto a indivíduos inquietos.  O rubro iluminava nossa felicidade.

A companheira chuva ora aparecia, ora se acanhava.

Um aceno, discreto, atrás das vidraças escuras, é notado. A multidão, então, acena de volta.

O início do adeus.

O telão desperta e enxergamos o Rolls Royce negro, em meio a uma forte chuva, e sua principal ocupante. Alguns aplausos, muita alegria.

Aquele temporal visto no telão, minutos depois, nos ensopou. Mas nada atrapalhava nossa admiração.

Assistimos, com olhos e vestes marejados, a ela, durante vários minutos, diante do Congresso Nacional.

Depois assistimos, com olhos e vestes marejados, o Rolls Royce a caminho do Palácio do Planalto.

Aqueles que um dia a torturaram, bateram continência.

“O cara”, ex-metalúrgico e maior presidente da República, recebe “a guerreira”, ex-guerrilheira e primeira presidenta da República.

A multidão, orgulhosa, presencia aquele momento histórico.

Escutamos a mais um discurso. Emocionados. Tristes e felizes. Orgulhosos.

A força daquela massa disse e diz: é a vez da mulher.