Dia 1º. de janeiro de 2011. Era cedo. A camiseta, devidamente estilizada, estava ligeiramente amarrotada. Não importava.
Dois dias antes, quase à noite, cheguei à capital federal. A chuva me acompanhou por todo o trajeto e também decidiu se acomodar.
Visitei os pontos turísticos da cidade. Frequentei alguns lugares.
Assisti aos fogos. Observei, de dentro do carro, 2011 surgir.
Porém, o ano novo era simples coadjuvante.
Dia 1º. de janeiro de 2011. Vesti a camiseta. Apanhei as bandeiras.
O evento, protagonista, estava à nossa espera.
Diante do Palácio do Planalto, eu e outros indivíduos, ansiosos, empunhávamos nossas bandeiras. Crianças, jovens, adultos e idosos se misturavam no todo.
As nuvens carregadas encobriam a animação da massa. As vestes, orgulhosas, desfilavam, em variados modelos, junto a indivíduos inquietos. O rubro iluminava nossa felicidade.
A companheira chuva ora aparecia, ora se acanhava.
Um aceno, discreto, atrás das vidraças escuras, é notado. A multidão, então, acena de volta.
O início do adeus.
O telão desperta e enxergamos o Rolls Royce negro, em meio a uma forte chuva, e sua principal ocupante. Alguns aplausos, muita alegria.
Aquele temporal visto no telão, minutos depois, nos ensopou. Mas nada atrapalhava nossa admiração.
Assistimos, com olhos e vestes marejados, a ela, durante vários minutos, diante do Congresso Nacional.
Depois assistimos, com olhos e vestes marejados, o Rolls Royce a caminho do Palácio do Planalto.
Aqueles que um dia a torturaram, bateram continência.
“O cara”, ex-metalúrgico e maior presidente da República, recebe “a guerreira”, ex-guerrilheira e primeira presidenta da República.
A multidão, orgulhosa, presencia aquele momento histórico.
Escutamos a mais um discurso. Emocionados. Tristes e felizes. Orgulhosos.
A força daquela massa disse e diz: é a vez da mulher.