05/11/2010

O motivo das gargalhadas

Nestas eleições, tanto Dilma quanto Serra defenderam o bolsa-família. Cômico perceber que muitos serristas, ainda assim, criticam o programa. Será que ao menos sabem que o candidato propunha pagar um 13º de bolsa-família? Ao menos sabem que até pouco tempo o mesmo candidato ridicularizava o chamado “bolsa-esmola”, e que, aberta a campanha eleitoral, passou a defendê-lo?

Com bastante desprazer, escutei que alguns e-mails que mando sobre política são absurdos. Absurdo, para mim, é a pessoa voltar ao pré-primário, ou seja, defender-se através de palavras vazias, assim como eu fazia no auge dos meus cinco anos.

Não é necessário retroceder. Uma conversa baseia-se em fatos, análises, dados e derivados. Não em um mero “absurdo”. Em um simplório “bobo”. Em um prepotente “burro”.

O rancor muitas vezes corrói o cidadão. Vejo nos olhares. Com bastante preocupação e um leve sorriso, presenciei um rapaz, munido de hilárias caras e bocas, imitando a presidenta Dilma. Novamente, a nostalgia tornou-se presente e lembrei-me da vez em que, ao tentar irritar uma coleguinha do primário, passei a imitá-la. Tão patética cena se fez cômica. Pena que o objetivo do rapaz não era o gargalhado.

Dizem que o bolsa-família é “um programa assistencialista e populista”. Que é uma “compra de votos”. Intuo que uma análise tão ingênua sobre importante programa é condenável.

O bolsa-família beneficia milhões de miseráveis que necessitam do básico: comer. Só este motivo me convenceria de que é fundamental. No entanto, um exame menos precário e bem simples demonstra que ele também proporciona outros benefícios.

O humilde da cidade pequena, que recebe a bolsa, finalmente, pode comprar. O comércio, então, se expande. O número de empregos aumenta, afinal, há mais demanda.

O dono do comércio vende mais e, conseqüentemente, compra mais. Se ele compra mais, outro estabelecimento beneficia-se. A produção dos produtos aumenta. E o ciclo continua.

Logo, o miserável não é o único a favorecer-se.

Outro ponto: dizem que muitos, por receberem a assistência, não querem mais trabalhar. Meio ilógico, uma vez que o valor da bolsa está bem aquém de um salário mínimo. O trabalhador tende a querer manter o emprego, este lhe proporciona maior poder de compra. O cidadão só irá optar pela bolsa se o empregador lhe oferecer um salário inconstitucional. O meio de sobrevivência ilegal, aquele quase escravo, passa a diminuir, por fim.

No ponto da educação, necessário observar que as crianças passam a ir mais às escolas: é um requisito para que as famílias recebam a assistência. E o aprendizado será maior – os jovens não estarão subnutridos.

No ponto de vista da saúde nem discute-se. As pessoas passam a comer e, logicamente, a saúde melhora. Para completar, para beneficiar-se da assistência, é exigido o controle da vacinação do grupo, por exemplo. A família, portanto, passa a se cuidar.

Todos os fatores citados acima causam outros vários reflexos positivos na sociedade.

Nos EUA, milhões de pessoas recebem assistência do governo. Um país considerado de 1º mundo, onde milhares de brasileiros passam as férias e têm desproporcional admiração. Será que agora o jovem pueril passará a imitar o presidente Obama?

Então, caro admirador do pré-primário, peço que se oriente melhor nas suas falas. Que faça críticas construtivas. Não ridicularize os outros, principalmente porque, o motivo das gargalhadas, é você.

Um comentário:

José Mateus disse...

Exelente texto. Muito bom. Sugiro abordar de maneira mais enfatica o papel da campanha do Serra na difamação do Odio e do separatismo. Questione os de extrema direita que argumentam se o estado de SP o pagador da conta Bolsa Familia. Absurdo, não existe estado de SP somos um país federativo, onde graças a Deus a maioria das pessoas acredita em um Estado Brasileiro Fortificado.